Como estudar o século XXI e compreendê-lo, sendo que ainda estamos acompanhando sua infância? Nós historiadores tempos um papel importantíssimo na formação da compreensão humana a respeito de nossa realidade, e através das analises e compreensões do passado, conseguimos ter uma melhor definição do nosso presente. Sabemos que a realidade do nosso passado acaba sendo bastante sangrenta e fundamentada em vitórias ou derrotas, o que torna nosso futuro uma projeção sombria do passado, de uma forma mais aprimorada. Estamos no inicio de um século marcado por mudanças revolucionárias, nunca tivemos tanto acesso tecnológico e informativo, o que nos proporciona uma abrangência maior de ideologias e conceitos que precisam urgentemente ser estudados e organizados como numa planilha, onde muitos terão de passar pelo filtro da redenção proposta por Walter Benjamin.
Afinal de contas, porque fazer uso do trabalho de Benjamin? Pode-se dizer que todos aqueles que se veem em posição de questionar até mesmo suas próprias ideias são capazes de resolver o mundo, justamente porque não deixarão que os artifícios do próprio ego os submetam a conclusões precipitadas, e esse é um traço que muito pode ser visto nos trabalhos de Benjamin, salientando as suas teses sobre o conceito de história. Muitas vezes a perplexidade dos seus argumentos podem ser confundidos com contradições absurdas, mas que de fato mostram a natureza do questionamento humano, onde não podemos estar nos dando por satisfeitos com nossas conclusões, e voltando para o nosso presente, nos vemos obrigados a buscar o entendimento sobre o que pode por ventura acontecer, e tornar a redenção numa prevenção aos “monumentos de barbárie”.
Nota-se pelas suas teses que Benjamin possui uma crítica muito forte sobre o ideal de progresso e ao quanto de sujeira que é empurrado para debaixo do tapete ao adotá-lo. Na sua décima terceira tese, ele aponta para o ideal de progresso como sendo um conceito dogmático sem qualquer vinculo com a realidade, onde o ideal de um processo sem limites, correspondente à perfectibilidade infinita do gênero humano não passa de um equivoco para justificar a sangria, pois fomos ensinados a estudar sempre a historia dos vencedores, deixando de lado que os derrotados muitas vezes são nossos vizinhos ou irmãos.
Nosso século já começou tendenciado a dar continuidade à essa cultura, com os ataques de 11 de setembro de 2001, as guerras que ainda hoje acontecem, a fome, desigualdade social, dentre outras particularidades que vemos na nossa vida social que nos permite analisar que os valores estão sendo uma complexidade ainda muito forte para serem seguidos como doutrina, a redenção vista por Benjamin pode ser a solução no papel do historiador para ao menos dar inicio a uma nova era onde as virtudes devem ser conservadas mais do que os troféus de guerra.
A guerra pôs à vista as falhas e as fissuras do paradigma do conhecimento e da teoria da história. É necessário, isto é, urgente, repensar um novo modelo da história e do seu conhecimento, que, não apenas responda às questões suscitadas pela história, como seja igualmente eficaz contra a decadência da ideologia do progresso, que já se adivinha nas falhas do capitalismo e da sociedade moderna. Por um lado, Benjamin confronta-se com um pessimismo crescente – que revela a ineficácia da ideologia do progresso – por outro, com um perigoso e falso otimismo crescente nas hostes de uma Europa empobrecida pela guerra e que vê nas ideologias reacionárias, no pré-fascismo e no capitalismo emergente a resposta mais sedutora para os seus problemas. Benjamin esteve sempre na dianteira da sua época, diagnosticando o mal-estar generalizado que crescia lentamente e se insinuava no coração de uma Europa atingida pela catástrofe. Essa catástrofe dizia respeito, não apenas à face mais visível da guerra, mas igualmente à ameaça (que vinha a desenvolver-se desde meados do século XIX) da perda de experiência, no seu sentido mais autêntico. É a essa ameaça do desaparecimento da tradição (e da transmissão da tradição), acarretada pelas grandes mudanças da sua época, que o pensador lúcido tenta contrapor novos modelos (retomando o pré-romantismo) de compreensão do conhecimento da realidade histórica. Avesso à lamentação e empenhado numa perspectiva crítica do conhecimento, um racionalista feroz, mas não cego Benjamin luta por resgatar a experiência e conferir-lhe um novo sentido, recorrendo a uma configuração outra do pensamento: o pensamento judaico-messiânico. Nesse sentido, Benjamin vai mais “longe” que outros pensadores judaicos, pois, ainda que consciente da sua herança cultural, não cede ao facilitismo da teologia ou da mística.
Tendo em vista a trajetória de Benjamin, é traçado uma trilha onde nós historiadores podemos e devemos percorrer para chegarmos ao bem sucedido avanço da humanidade, onde poderemos desfrutar da redenção que, não iria desfazer os atos do passado, nem mesmo apaga-los da historia, mas sim utilizá-los de referencia para mostrar nossa evolução a nós mesmos.
Esse artigo, por mais que não muito especificamente dotado de referencias, possui um dos pontos importantíssimos do meu pensamento como graduanda na área de humanas, onde me vejo na obrigação de formular e repassar os melhores conceitos para aqueles que estão vindo compor a nova geração de pensadores e formadores de opinião.
Referências
BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito de história.
LÖWY, Michael. “A contrapelo”. A concepção dialética da cultura nas teses de Walter Benjamin (1940). Disponível em: http://www4.pucsp.br/neils/downloads/Vol.2526/michael-lowy.pdf
Somente como referência de análise: http://www.revistabula.com/1093-10-fotografias-tristes-historia-lista-listas/
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