Abri a janela dos olhos
Vi um arco-íris emoldurado
Vento forte, nimbos formando torres
Vaca deitada na grama, seriema piando repetido
Cigarra tocando trombeta, grilos cricrilando fino
Será que chove?
Com mais esse mormaço, bem capaz
As coisas e os seres em conluio se organizavam
Grilo, vaca, cigarra, seriema, vento, nuvem, arco-íris, mormaço
Bailarinos vivos, bem-dispostos, se deram as mãos, puseram-se enfileirados
E começaram a farândola, saltitando animados, serpenteando pra lá e pra cá
Vem dançar conosco, gritaram! Vamos, rapaz, que a vida é folia, movimento, alegria
De cá, da janela dos olhos, agradeci, mas recusei o convite, limitei-me a pasmar
O folguedo das coisas e dos seres dançando e chamando chuva
É que desanimei com as festanças
Perdi o traquejo, esqueci como se dança
Ademais, quanto à chuva, sei que pra mim, será módica
Aquelas velhas tempestades, cheias, bátegas, entusiasmadas
Essas já desapareceram, essas não mais virão
Quero os pingos esparsos, compactos, nutritivos
Esses permaneceram, esses me bastarão.
Créditos na imagem: Divulgação. La Farandole Des Pimperlots. Didier Hamey (2012)
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Luciano Alberto De Castro
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História da Historiografia: International
Journal of Theory and History of Historiography
ISSN: 1983-9928
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A1 História / A2 Filosofia
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