Na data de hoje, celebra-se o centenário do nascimento de Maria Yedda Linhares, importante historiadora brasileira, pioneira na profissionalização do ofício do historiador no Brasil e uma das primeiras mulheres a ingressar nos cursos superiores de História do país na década de 1930.
Maria Yedda Leite Linhares (1921-2011) possui uma trajetória acadêmica ampla e diversa. Ingressou em 1939 no curso de História da UDF (Universidade do Distrito Federal), mas conseguiu uma bolsa (1940-1942) no Institute of International Education de Nova York, onde se formou. Foi professora da cátedra de História Moderna e Contemporânea da Universidade do Brasil (atual UFRJ) nas décadas de 1950 e 1960. Em virtude da Ditadura militar brasileira, foi presa três vezes entre os anos de 1964 e 1966 e aposentada compulsoriamente de seu cargo em 1968. Com a ajuda de Fernand Braudel, exilou-se na França em 1969 e permaneceu neste país até 1974.
Em 1974, retorna ao Brasil e estrutura a criação do programa de pós-graduação de Desenvolvimento Agrícola da FGV (Fundação Getúlio Vargas). No mesmo período, criou e liderou, no Rio de Janeiro, o grupo de pesquisadores sobres as histórias agrárias e a economia colonial brasileira, do qual dentre outros pesquisadores se destacam: Ciro Flamarion Cardoso, Alice Canabrava e Francisco Iglésias. Como resultado, juntamente com Francisco Carlos Teixeira da Silva, publicou em 1979 dois importantes livros: História do abastecimento: uma problemática em questão (1530-1918) e História política do abastecimento. Dois anos depois, Linhares e Teixeira da Silva publicam a obra História agrária brasileira: combates e controvérsias.
Tais obras colocaram em perspectiva temáticas e questões antes denegadas pela historiografia brasileira e possibilitaram a tematização de questões relacionadas ao abastecimento colonial, ao mercado interno, à subsistência e ao camponês, renovando assim e dando fôlego às discussões e a novos olhares sobre a economia colonial brasileira. Não sem motivos, Linhares orientou a maioria dos estudantes da UFF e UFRJ ligados ao tema do abastecimento e da escravidão colonial. Destas duas instituições, profundamente influenciadas pelas interpretações de Maria Yedda Linhares e Ciro Flamarion Cardoso, será engendrada a perspectiva interpretativa da experiência colonial brasileira denominada de Antigo Regime nos Trópicos, que concebe a autonomia do mercado interno colonial.
Após a redemocratização, Linhares é anistiada em 1979 e reintegrada à UFRJ em 1980. Como professora da Universidade Federal Fluminense, juntamente a Ciro Cardoso e Francisco Falcon, cria o Programa de Pós-Graduação em História desta instituição, empreendendo esforços para que houvesse a profissionalização do ofício do historiador no país e o aperfeiçoamento do ensino e das pesquisas históricas realizadas nas instituições públicas de ensino superior do Brasil.
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