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LANÇAMENTO: Os fantasmas da colônia

Há muitas coisas que podemos fazer com os fantasmas – e que eles podem fazer conosco. Exorcizá-los é apenas uma delas. Mas aqui a opção de Rafael Haddock-Lobo é outra: aprender e ensinar com eles. Ele nos envolve nas histórias destes fantasmas, nas suas histórias, que são, em parte, também nossas. Ao narrar estas histórias, como um preto-velho branco, o autor nos conduz por uma teia de possibilidades, que se espraiam desde a denúncia das mitologias brancas que nos perseguem – seguindo o nem tão velho franco-argelino que nos provocou a descontruir – até a proposta de uma filosofia popular brasileira enterreirada, exuzilhada, para lembrar as palavras-força de Cidinha da Silva.

Este é um livro que roça por frestas, sendas, brechas, de um pensamento que se insurge de um lado e se afirma de outro. Nos convidando, instigando, provocando a construir, desde nossas histórias misturadas, uma filosofia que seja nossa, compromissada e enraizada com um “nós” que não sabemos ao certo o que seja; mas que apostamos, e precisamos apostar…

 

Wanderson Flor do Nascimento

Tata Nkosi Nambá

 

Mesmo diante da mata fechada, que é a filosofia clássica, e que Rafael, tal como Ogum, adentra abrindo caminho, é possível encontrá-lo na encruza, na esquina, observando, esperando seus amigos para não comer sozinho. Para além de um movimento antropofágico à la Oswald, Rafael promove um verdadeiro Olubajé, visto que acolhe todos aqueles que chegam, fantasmas e não-fantasmas, oferecendo e recebendo o que se é de comer.

Uma filosofia popular brasileira proposta por Rafael é uma filosofia que pensa a partir do comer, do comer bem, de compartilhar a comida e de receber de quem chega. Rafael nos traz novos alimentos e também acolhe as mais diferentes oferendas.

Diante de tudo isso, Fantasmas da colônia trata, também, dos nossos que foram transformados em fantasmas pelo colonizador e que, pela desconstrução da colonialidade promovida por Rafael Haddock-Lobo, ressurgem em toda sua potência, nos conduzindo, pelo aguerê ou pelo ijexá, a uma outra forma de fazer filosofia diferente do modelo europeu.

 

Marcelo José Derzi Moraes

 

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