E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos/e atiram-se, através deles, como jactos/para fora da terra.
Herberto Hélder
Nas manhãs
A minha mãe
Abre as vagas incontornáveis da saudade
Símiles da luz ausente que me esculpiu
Entre lágrimas e quedas rebenta a inaudível angústia
Espinhos feridos pela distância assinada pelo medo
E quando o silêncio purifica as paredes da casa
A minha heroína derrete
Na sílaba que renuncia a sua presença
Agora, sinto a fragrância do meu canto
Pela voz obscura dos distantes acenos
Na esperança de açoitar a lápide onde jaz
Com flores seguro a memória emudecida,
uma oração fria se converte em fogo
Entristeço-me quando releio o testamento do luto
Esta herança indecisa,
Mergulhada num passado descorado
Teu silêncio- língua de sinais que me conduz
Pelos escombros da casa abandonada
hasteia o altivo sonho de uma criança em ruínas
Permaneço no mesmo lugar de sempre
onde o dilúvio
eterno murmúrio dos sonhos presos na tumba
se depreende em combustão diária
Antes, porém, transeunte pela noite ausente
Colho a dor agrária
dos sulcos vazios.
Créditos na imagem: Reprodução: Instituto de Psiquiatria do Paraná. Disponível em: http://institutodepsiquiatriapr.com.br/blog/angustia-ansiedade/
[vc_row][vc_column][vc_text_separator title=”SOBRE O AUTOR” color=”juicy_pink”][vc_column_text][authorbox authorid = “315”][/authorbox]
Amosse Mucavele
Related posts
Notícias
História da Historiografia
História da Historiografia: International
Journal of Theory and History of Historiography
ISSN: 1983-9928
Qualis Periódiocos:
A1 História / A2 Filosofia
Acesse a edição atual da revista