Até aqui, poupei o enredo do vencedor do jogo, Davi Brito. Mas se a proposta é entender quem foi o escolhido do Brasil para vislumbrar algumas de suas preferências, o foco principal está naquele que foi classificado pelo Brasil como digno do prêmio. O personagem Davi foi um fenômeno do BBB 24. Mais que isso, diz-se que é um fenômeno de reality show, como se já estivesse muito bem formatado e preenchido pelo “espírito da coisa”, a ponto de carregar o programa nas costas. Seria este o principal arquétipo do personagem Davi? Minha resposta é que não. O arquétipo principal do personagem a Globo mesmo definiu no documentário do jovem: “Davi – Um cara comum da Bahia”. Dentro do programa, Davi foi chamado de “comum” com uma intenção pejorativa. Mas, “comum”, na linguagem do BBB, foi a etiqueta ideal do momento, um relevantíssimo e atual elogio, e um ótimo ponto de partida para sua epopéia heróica. Davi encarnou o arquétipo do “cara comum da Bahia”, um jovem negro do Brasil, trabalhador, filho de mãe lojista e pai pastor de Igreja, e foi jogar.
Acontece que Davi Brito é um cara, na verdade, incomum a beça. Para começo de conversa, é dono de uma mente muito mais inteligente que a da maioria das pessoas. É um autodidata. E potencializou essa inteligência com uma absurda vontade de vencer – não só no jogo, mas na vida, mesmo. Davi entendia o BBB como jogo de posicionamento, ou seja, um jogo que depende de como você interpreta e atua sobre as histórias que te cercam ou que te atravessam. Dizia, também, que era um jogo tal qual a vida, isto é, que suas dinâmicas internas continham uma pedagogia maior sobre o viver, para além dos muros da casa. Juntou a inteligência, a capacidade de aprender com independência e sua determinação, e baixou todas as cartas, all in, em prol da realização de um sonho: mudar de vida. Davi mostrou que é, antes de tudo, um obstinado. Um inteligente obstinado, e isso é nada comum. Para vencer, não só buscou saber das histórias que aconteciam mas como construí-las. Leu melhor que muitos o tabuleiro do BBB 24 e moveu o jogo pra frente. Davi entendeu que inserir-se nas histórias possibilitava mudar as histórias e a História. Sob todas essas forças, fez de si uma máquina, um autômato projetado para ganhar.
A história do baiano comum que venceu o BBB 24 eu não preciso escrever. Ela já foi suficientemente contada. Os dados e as tendências ao longo do programa mostraram que era muito difícil que Davi Brito não terminasse vencedor. Assim foi feito. E por isso mesmo, a Globo pôde começar a produzir seu documentário antes mesmo do anúncio do resultado. Antes de acabar, já se sabia como narrar. O filme foi lançado em 8/mai de 2024, e, sem trazer novidades em relação ao que já estava público no reality, amarrou em 1h30min o que Davi produziu em 100 dias de programa. Recontou as dificuldades vividas na infância, que foi trabalhar na rua para levar dinheiro para a casa, para sua família, como processou a vontade de entrar no Big Brother Brasil, e, claro, a trajetória que percorreu lá dentro. O documentário apresenta o marco de quando Davi chegou para conversar com um grupo e todos se levantaram. Foi a partir daí que, aqui fora, ganhou a empatia do público, mas lá dentro, sozinho, chorou na frente do botão da desistência. Ouviu sua amiga Isabelle e foi consultar a psicóloga. Não desistiu. Ao contrário, começava ali a sua maior jogada, o golpe fatal que o conduziria ao trono, um trágico episódio no jogo da vida. Perto de desistir, estava ainda mais próximo da vitória.
Movimento 1: Anny deixa a casa e libera o acesso ao Fadas. A maior jogada de Davi precisa ser descrita desde seu primeiro ato, semanas antes de ser completa, a saída de Anny. Ela era vista, na casa, como uma espécie de balizadora das decisões do grupo Fadas, a mentora. Eliminada após conflitar com Davi, sua saída abriu a porteira para o grupo associar-se ao baiano. Além de Anny ser uma das pessoas contrárias ao jogo com Davi, sua própria eliminação foi uma informação manuseada pelos que ficaram, entendida como um endosso à posição de Davi na divergência. A partir dali, Davi uniu forças com o Fadas – que eram fortes aqui fora, mas atravessavam tribulações lá dentro -, e isso foi fundamental para o desfecho de todo o grupo. Apesar de querer aproveitar-se da imagem das Fadas do Bem, Davi tinha dois “problemas” no grupo que veio a resolver a mil léguas de distância da bondade: Leidy Elin, que não se curvou a ele, e Beatriz Reis, que ofuscava a imagem do narciso.
Movimento 2: A saída de Leidy Elin sela o fim da aliança com Bia e Alane Dias. O segundo ato da jogada de Davi foi a eliminação de Leidy Elin. Leidy era uma participante querida dentro e fora da casa. Foi a primeira anunciada desta temporada. Disparou em seguidores nos primeiros dias do programa. Mulher preta de 26 anos, gonçalense, Leidy nunca tinha levado sequer um voto, até aqueles que a conduziram ao paredão. Leidy era uma das integrantes do Fadas, muito amiga de Bia e Alane (Dias, 25 anos, paraense, foi a última eliminada antes da final). Mantinha, com elas, uma aliança de jogo. Assim como Anny, Leidy não queria, pessoalmente, jogar com Davi, o que a fez migrar paulatinamente para o Gnomos, grupo rival que abrigava quem precisava se defender. Os dois grupos rivais somavam forças entre si e escolhiam o voto da berlinda por consenso. Se um nome fosse colocado em assembleia mas não obtivesse apoio dos colegas, tentava-se outra opção, até encontrarem aquela que contemplaria a vontade geral. Assim as amigas e aliadas se protegiam, ou seja, evitavam que seus nomes fossem os consensuais de qualquer grupo. Davi chegou a tentar se aliar à Leidy Elin, que recusou. Então, obstinou-se a quebrar essa aliança. Não só para expor Leidy Elin aos votos da casa mas, principalmente, para vulnerabilizar Bia, em um movimento que faria de sua amiga, sua arquirrival.
Movimento 3: O fratricídio de Beatriz Reis. “É o Brasil do Brasil!”. É difícil descrever Bia e, assim como recontar a história de Davi Brito, desnecessário. Absolutamente indiscreta, Bia ficou conhecida pelo seu jeitinho peculiar. Quando criança, foi levada a um médico, esperando receber o diagnóstico de algum transtorno, mas o atestado do doutor dizia que a menina “nasceu para brilhar”. Comunicativa, expressiva, Beatriz é extremamente carismática. É uma moça nova, de 24 anos, que desde o início mostrou ter um talento nato para a televisão. Conseguiu formar-se atriz em São Paulo/SP, perseguindo seu sonho e trabalhando o dom de apresentar e de vender em barracas e lojas. Bia ficou conhecida por ter trabalhado como camelô. Apesar de todas as dificuldades, era dona de uma alegria imensa. Ela mesma dizia que não sabia de onde vinha tanta alegria, mas ela existia. Alegria e muita força. Mostrou uma personalidade forte, que a fez uma mulher de ideias fortes, capazes de levá-la a suportar até o frio para vencer uma prova de resistência que durou 16h. Bia era inexorável. E boa. Por isso mesmo, uma das favoritas. Foi a única a divergir da multidão e acreditar em Davi, sem medo de se expor, quando a casa inteira estava contra ele. Não só batia o pé reafirmando que não cederia à manada como defendia Davi, em quem via um bom coração. Foi a primeira a recebê-lo no Fadas, e a penúltima eliminada da edição. O terceiro e último ato de Davi encerrou a tragédia de Bia e sua tragédia própria, a de Davi. A lição que ficou foi essa: somente o justo poderá encontrar, no mundo, a injustiça. E a pergunta que ficou foi essa: qual o valor do irmão?
Como já dito, Davi Brito foi um fenômeno no BBB 24. Sobretudo após a consulta com a psicóloga, após pensar em desistir. Voltou energizado. Mais confiante que nunca. Determinado a levar o prêmio. Totalmente disposto para a vitória. Implacável. Encarnou ali mais que um vencedor e fez o que julgou preciso para que os milhões fossem uma questão de resistência, resiliência, um pouco de cálculo e, sobretudo, tempo. Davi era bem atuante, como muitos, mas de alguma forma somente ele parecia conhecer o enredo do jogo por dentro. Comentava como quem assistisse de fora. Seus maiores desafios foram, com sua leitura de clima, selecionar, de uma carta longa de adversários, aquele que ele acreditava ter mais chance de sair naquele exato momento. Um desafio de oportunidade. Desse, seguia o desafio de encontrar as arestas adequadas do trabalho de persuasão para convencimento de seus aliados, e manter-se nelas. Desafio de limites. E, entendendo que seus adversários, aos seus olhos, já eram perdedores, o terceiro desafio era não se perder, não perder para si mesmo. Um desafio de ética. Três elementos que estiveram sob grande risco em sua jogada final, a principal do curumim guerreiro, o fratricídio de Beatriz Reais, mas cujos sentidos cabe exclusivamente a cada um julgar por si só.
***
Concluímos, ao final, que o Big Brother Brasil pode ser tudo: um experimento antropológico megalômano, uma sessão de tortura psicológica coletiva e televiosionada, uma máquina de fazer dinheiro, um programa de televisão super interessante, o lixo do gosto humanos exibido em rede nacional… Isso porquê, antes de tudo, ele é potencialmente o palco de um extrato da própria tragédia da vida humana. Os personagens, em cena, dramatizam um grande dilema da vida contemplativa, qual seja, o valor do ser humano e como ele pode ser mensurado mediante o valor do dinheiro. No drama vivido, são desafiados a convergir estes dois destinos no curso da vida de um só indivíduo que, naturalmente, busca a vida no bem e na paz. Encontrará? O valor do dinheiro é finito, material, e definido externamente ao indivíduo. Já o valor do ser humano não está previamente determinado, não é material e não tem fim, mas finalidade. O valor do ser humano só pode ser sentido, experimentado, e só pode ser revelado na vida comum, tendo em vista a irradiação dos efeitos das ações individuais sobre outros indivíduos e sobre o corpo da comunidade. Isso é o que faz do BBB tão interessante: ele pode revelar o que tem valor na vida comunal para os individuos da nossa terra.
Porém, como na vida, os enredos individuais não se desenvolvem de forma caótica. Ao contrário, são projetados dentro da cabine de controle do mundo. No caso do BBB, deste simulacro onde quem manda é um poderoso ser dotado do olho que tudo vê, o Grande Irmão. O Grande Irmão não pode ser confundido com o diretor do programa, com os patrocinadores, menos ainda com os participantes, mas, assim como em 1984, deve ser compreendido como um ente do qual sequer se tem certeza de sua materialidade, mas cuja existência está mais que provada, já que ele está, é sentido e experimentado. O Grande Irmão está vigiando você, diz-se, e ele quer, mais que tudo, ser agradado. É um ser que come com os olhos, ou seja, que se alimenta daquilo que vê. Mas é um mimado. Intolerante. Tirânico. Vomita à jato aquilo que não gosta. Por isso, também não pode ser confundido com as pessoas que trabalham com o programa. Na verdade, o trabalho de quem trabalha com o Grande Irmão é mantê-lo alimentado. É identificar o que lhe apraz o apetite voraz, saber coletar nos bosques da vida ou mesmo plantar, produzir, cozer, assar, o que o alimenta. Em outros termos, apresentar aos participantes encruzilhadas atrás de encruzilhadas, os forçando a um caminhar repleto de escolhas para extraírem, dali, o substrato do alimento do Grande Irmão: o julgamento do público quanto às decisões individuais.
O Grande Irmão não pode se limitar a um personagem, seja ele o diretor, um patrocinador, um participante, o público. E nem tem por quê. Isto pois, infinitamente faminto, se alimenta de tudo o que é possível em termos de histórias, de traços, de recortes, de nacos de todo conteúdo humano desvelado na trama. O ciclo alimentar do Grande Irmão funciona assim: quem trabalha com o programa atenta-se ao que o público aprova -> a aprovação do público indica o gosto do Grande Irmão -> para alimentar o Grande Irmão com aquilo que ele gosta, os trabalhadores do programa precisam produzir aquilo que vai agradar o público. E, sendo verdade que você é o que você come, ao se alimentar – ou melhor, ao olharmos para o que é isso com o que ele se alimenta -, você conhece a face do Grande Irmão. Nas edições em que brothers & sisters não se dispõem para o jogo, não geram audiência, o Grande Irmão não é alimentado e, desnutrido, morre inane e desconhecido. Mas quando se alimenta, fortalecido, ganha corpo e pode ser visto. Assim, percebemos que o Grande Irmão é contingente: ao revelar seus gostos, podemos ver quem é o atual irmão histórico do Brasil.
Quem é o Grande Irmão do Brasil de hoje, então? O 24° Grande Irmão se alimentou muito da história individual de Davi. Para o Grande Irmão, Davi é um curumim preto. Não tem mais que seus 7 anos de idade, e está perdendo sua infância. Vê seu padrasto bater em sua mãe. Vê sua mãe sozinha com duas filhas para criar. Ele sai de casa, vai para a rua vender o que tinha para vender, para trazer um trocado de volta. Vende picolé de amendoim, coco com abacaxi, coco com limão, coco com chocolate, chocolate africano, todos os sabores. Carrega um balde e vende água mineral na Lapa. Sofre racismo no Farol da Barra. O menino Davi, de 7 anos, se vê como o homem da casa, e isso é exatamente o que o tira de casa e o coloca na rua, tão Davi, tão menino. Ouviu de seu pai que deveria virar homem. Apanhou de cinta do seu pai sob a justificativa de que deveria virar homem. “Eu sou homem! Eu sou homem!”, berra o homem que vive dentro da criança ferida de Davi, perfeitamente projetado no Grande Irmão. E da experiência da rua, Davi forjou seu sonho e o seu destino: mudar de vida, ser doutor. Doutor Davi. Pediu o bálsamo, evocou o poder da serpente: a cura. De toda complexidade de Davi Brito, o próprio, em carne e osso, luz e sombras, o Grande Irmão iluminou e acolheu um aspecto: este menino negro ferido. Um menino comum do Brasil?
É verdade que o 24° Grande Irmão se alimentou muito da história individual de Davi Brito para apresentar-se como o menino Davi. Mas, se isso foi assim, foi porque o público se identificou, também, com os grandes irmãos de Davi, Isabelle e Matteus, e endossou seus papéis e posições – o que retornou em suprimento para o Grande Irmão. Cada um, ao seu modo, cuidou deste menino Davi. Isabelle, como já colocado, foi a Irmã Mais Velha de Davi. Chamava-o de curumim, literalmente criança. Exaltava, em Davi, as qualidades que levariam o menino na direção do seu sonho. E, mais importante que tudo, pedia paciência com seus erros. Ciente de que não poderia responder pelas suas escolhas, ainda assim queria seu bem e o aconselhava. Já Matteus foi o Irmão Mais Velho – uma versão masculina do arquétipo -, e lidou com Davi mais adolescente, mais ambíguo. Adotou uma didática em que mostrava a Davi dois caminhos e opinava qual ele achava melhor, mas sabia que a experiência é melhor professora que o sermão e deixava Davi livre para praticar a sua errância. Falou com Davi “de homem para homem” quando tentou crescer para cima do irmão. Usou as armas de Davi contra ele em algumas situações, mostrando que as conhece, mas não as empenha por escolha própria, por propósito. Ambos foram coadjuvantes deste grande protagonista Davi e apresentaram um enredo que, o resultado do jogo mostrou, foi agradável para o público brasileiro. Além de seus enredos próprios, eles nutriram o enredo maior do Grande Irmão.
Se o Grande Irmão é esse menino negro comum do Brasil, de alguma forma o cuidado que sua irmã e seu irmão mais velhos apresentaram, cada um com seu estilo próprio, também agradou, e também foram incorporadas na figuração do Grande Irmão Histórico e Atual do Brasil. O que preocupa é que, assim como o Grande Irmão, o público também só se alimenta daquilo que o agrada. Vê-se que, em reality show, o público assiste mais a um romance, a uma comédia do que a um drama, a uma tragédia. Que o programa precisa entreter, divertir. Que o enredo precisa ter altas doses de fantasia, pois a realidade já basta a nossa própria, nua e crua, de nossas vidas. Que não necessariamente o que o público julga ser bom corresponde ao que ele de fato faz, ou que ele é bom. Ao acessar o 24° Grande Irmão, conhecemos um ainda frágil menino negro, vagando pelas ruas do Brasil carregando em um balde o peso da água e de uma responsabilidade muito maior que sua estatura. De alguma forma, o Brasil acabou cuidando deste menino através da aprovação dele próprio e de seus irmãos no BBB 24, mas isso não significa que o Brasil esteja disposto a de fato cuidar desse menino. Falo isso pensando que Davi hoje, com 21 anos, já não mais o é, mas ele foi. E assim como ele, muitos foram e são. E que destino real dará o Brasil a todos contidos nesse menino? Que decisões tomará, que escolhas fará?
Em síntese, para além das histórias individuais de cada participante do BBB, vimos que o fluir destas histórias constrói a do maior e mais complexo personagem de cada edição, o Grande Irmão. O Grande Irmão é formado por tudo aquilo que o público brasileiro aprova, a partir das histórias desenvolvidas em cada edição. Esta aprovação está indicada nos votos dos paredões, mas também na ação dos patrocinadores que investem no programa e são cada vez mais bem sucedidos – especialmente este, que foi um sucesso de audiência -, e nas decisões tomadas pelos participantes visando a aprovação dos que vigiam. A atenção da audiência alimenta o Grande Irmão, sempre endossado pelo público, e figura através da qual conseguimos acessar alguns aspectos da linguagem atual dos brasileiros, que elege um vencedor do jogo. Davi errou, e acertou, e venceu o programa. Se venceu na vida, só no decurso da vida isso poderá ser respondido, assim como só na vivência do BBB 24 fez-se o vencedor. Mas isso não importa mais para essa reflexão. Importa, tão somente, a força deste menino sobre os brasileiros, e seus destinos. Onde o Brasil colocará, daqui para a frente, esse potente, um obstinado?
Vim a ganhar um irmão quando eu tinha 11 anos de idade, e talvez por isso, por ter vivido um tempo “sem irmão”, eu perceba exatamente a diferença que é tê-lo. A palavra “irmão” traz, no seu significado, uma importante distinção: são irmãos aqueles que partilham uma herança comum. “Irmão” dá nome à forma de uma relação de parentesco determinada pela certeza de que há um legado compartilhado por mais de um indivíduo, não importa como seu destino irá se expressar. Há uma ética dos irmãos nessa definição, um cuidado com o futuro, uma responsabilidade compartilhada e maior que os indivíduos envolvidos nesta relação. Não há renúncia possível nesse caso, nem para o mais rebelde dos rebeldes. Todos os irmãos carregam, dentro de si, seus irmãos, seja em figurações luminosas, seja nas partes sombrias da expressão do arquétipo. E os irmãos se reconhecem no olhar, janela da alma – isso está em 1984, inclusive. No olho que você olha e ele te olha de volta. Por isso mesmo o “irmão do Brasil” pode ser conhecido através do Grande Irmão, e isso é uma questão para a comunicação. Por isso, se Grande Irmão projeta o “irmão do Brasil”, através do irmão do Brasil conseguimos ver um pouco do “Brasil do Brasil”, e isso é uma questão para a política. E por isso mesmo este texto é para o meu irmão, e isso é uma questão para a vida.
O texto foi originalmente enviado em maio de 2024. Devido às invasões que comprometeram o funcionamento do site da HH Magazine, sua publicação precisou aguardar o restabelecimento pleno da plataforma.
Créditos na imagem de capa:
Ana Carolina Monay dos Santos
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