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RESÍDUOS  

Depois que sua voz se calou

Restaram-me os ecos mudos

De palavras transparentes, congeladas

Palavras não ditas, imaginadas, palavras que você diria

Restaram-me os sons abafados de velhas conversas amolecidas

Restaram-me fragmentos do seu sorriso dissolvidos dentro do fluido cósmico

Depois que seu corpo se desintegrou

Restou-me o seu espaço no lado da cama

Onde agora me deito e me aconchego no seu abraço anímico

E adormeço ansiando por voos emancipatórios e passeios oníricos

Restaram-me os vãos infinitos da casa onde caminho feito um animal cego

Restaram-me questionamentos sobre a natureza dos sólidos, dos líquidos e dos gases

O poeta disse que fica sempre um pouco de tudo

Às vezes um botão. Às vezes um rato

Às vezes, o que fica é tudo.

 

 

 


Créditos na imagem: Reprodução: Como lidar com a dor da perda? — Foto: Banco e Imagens- G1.

 

 

 

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