Ela era uma estrela teimosa e saltitante que vivia pulando de nuvem em nuvem. A mãe dizia: menina, menina, numa dessas você cai lá embaixo e quebra a cabeça! Aí verás o que é bom para a tosse! Mas a estrelinha se achava a mais incrível saltadora de nuvens de todos os tempos que já existiu naquele céu, sua vontade de saltar de nuvem em nuvem era tão imensa que não cabia dentro dela. Os conselhos de sua mãe entravam por uma orelha e saíam pela outra. Era uma boa filha, mas saltar parecia ser algo de sua natureza. Desde pequenina que se arrisca nos mais mirabolantes saltos de nuvens.
Um belo dia resolveu desafiar a si mesma e pulou numa nuvem bem distante da que estava: um, dois, três e já… Catapimba! Caiu de cara no chão de uma floresta e explodiu em milhares de pedacinhos.
O tombo foi tão grande que todos os animais da floresta escutaram o estrondo e sentiram a terra tremer. A coisa foi tão feia que o elefante perdeu a voz e a onça perdeu suas pintas com o susto. Amedrontados e espantados todos os animais correram para não se sabe onde, porque acharam que o fim do mundo se daria naquele instante. Os únicos que não fugiram foram as moscas e os passarinhos que estavam voando; suspensos no ar decidiram espiar a fim de descobrir o que se deu de verdade. Como detetives, moscas e passarinhos passaram a tarde toda voando pelo local, mas nada descobriram.
Até que deu de tardezinha na floresta, sol se pôs; nesta hora os passarinhos cansados de tanto esperar pelo que não havia, se juntaram e se esconderam num adormecer coletivo para enfrentar o medo do escuro imenso que se anunciava.
Mas as moscas, ah, estas não desistiram, ficaram de vigia à espera da noite. Afinal de contas, um estrondo daquele não poderia vir do nada. De repente, levaram um tremendo susto, o chão iluminou-se todo por milhares de pontinhos brilhantes. Encabuladas, elas disseram em coro: ― O céu está aqui!
Aquilo era lindo, incrível e chocante.
Foi aí que uma mosquinha curiosa e corajosa resolveu pousar em um desses pontinhos de luz para conferir que bichinho poderia ser aquilo. Ao tocar no pontinho de luz, ele grudou-se no bumbum da mosquinha que saiu voando, iluminando todo o caminho por onde passava. Outra mosquinha ao ver a cena quis experimentar também… E assim todas as mosquinhas que ali estavam experimentaram. De repente havia milhares delas voando com seus bumbuns reluzentes.
A estrelinha, nunca mais pôde voltar ao céu, porque virou pó de estrela… que depois virou vaga-lumes, bichinhos pirilampiscantes, que na verdade são estrelas voando pela terra escura, mas que antes do nascer do sol apagam as luzes.
Créditos na imagem: a imagem que compõe o texto é do artista japonês Yume Cyan e encontra-se disponível na página https://bityli.com/9I6M6
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Joycelaine Aparecida de Oliveira
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