(Para Augusto dos Anjos)
Vês! Tens a fronte baixa dos vencidos
E o proceder mofino dos lacaios
Teus passos, antes firmes, são cambaios
Desejos, antes fogo, são puídos
Teus resmungos pesados são grunhidos
Do animal que vegeta aos soslaios
Olhos cavos, torpor, tormenta, raios
Miséria deplorável dos tecidos
De nardo, cem cântaros de alabastro
Não detêm o miasma do teu gastro
Prenúncio da completa putrescência
Como sou feita de substância etérea
Safo-me dessa sina deletéria
Mas tu a provarás sem complacência.
Créditos na imagem: Reprodução. O cotidiano como ele é. Foto: Chronosfer.
SOBRE O AUTOR
Luciano Alberto de Castro é mineiro de Teófilo Otoni, cruzeirense, dentista e professor da Universidade Federal de Goiás. Mora em Goiânia. Paralelamente à docência, dedica-se à música e literatura, atuando como compositor, cronista, contista e poeta. O autor se considera um apaixonado pelas várias formas de arte, pela história do Brasil, pelas plantas e passarinhos. Colabora para várias revistas, sites e jornais brasileiros e internacionais. É um dos autores do Coletânea Clube dos Escritores publicado pela e-Galáxia em 2021. O primeiro livro solo Os óculos do poeta, uma coletânea de 50 crônicas, foi publicado em 2023 pela editora Kotter.
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