(Para Gilson Cavalcante)
houve uma montanha
e houve um poeta
um que se levantava bem cedinho
e dependurava seus versos no varal
punha-os a secar ao sol
enquanto regava florezinhas — suas filhas
depois dançava com o vento
bebia as gotas da manhã
e se encantava
de verbo e luz
a montanha tímida
de tanto o observar
foi se enamorando
queria aprender com ele
a construir navios
e viajar sem sair dali
um dia, a montanha se declarou ao poeta
e convidou-o a viver com ela lá no alto
casaram-se num domingo de manhã
desde então
a montanha virou poesia
o poeta virou bruma
e a cidade se encheu
de tristeza e paz
Goiânia, fevereiro/2024
Créditos na imagem: https://stephendagley.com/hikingthealps/mist-and-mountain/
Luciano Alberto De Castro
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História da Historiografia: International
Journal of Theory and History of Historiography
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É preciso outro poeta para eternizar essa bruma. Parabéns Luciano