Foi como arado
que revira o solo
descobre o que é fértil,
mistura a superfície
– ressecada pelo sol –
com a boa terra de dentro.
Quero estar pronto,
embora esteja devastado.
Quero nutrir o amor,
esperar a manhã,
receber o orvalho.
Ainda espero a volta.
Respiro fundo, sonho.
Há esperança revirada,
amor abatido,
afeto abrandado.
Mas como terra revirada,
nutro o caos em mim.
Já não é a segunda noite,
já somos outros.
Não sei se é tédio,
falta ou medo.
Só sinto a saudade tão perto,
tão próxima,
que me parece impossível:
uma semente, um broto,
um fruto seu em mim.
Créditos na imagem: Reprodução. O semeador de Van Gogh – Disponível em: http://conpoema.org/?p=6870.
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