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Imagine meu poema censurado

Pela fluidez da língua

Essa cobra mordaz

Que se modifica

A medida que os humanos se proliferam:

Em gozos rápidos,

Secos

E sem amor.

(Em seu jeito mal planejado)

Ali após a pinga,

aqui após o filme das 10,

ali na hora do recreio

Debaixo da escadaria, escura.

Imagine, pegarem o substantivo

No substrato

Do subconsciente,

Na consciência dos que não vieram ainda:

Soar erosivo,

Significado que foi,

Tornou-se

Virá

A

Ser.

Caiu

Na arte, a artimanha

Mexer aqui    e                                  ali

Imaginem a tradução

Pegar o texto testado

ATENTO no tempo

ATENTADO!

O verbo que muda,

Árcade palavreado,

Talvez a puta seja elogio,

E a boa-fé ofensa.

Cousa            é          coisa

Muda como a cobra

Que vem e

vai feito rio

Barrento, caudaloso, brutal, veloz

Muda

Com o tempo,           – assim asinho.

 

Que horror,

Ter o texto modificado,

Na profanação do templo,

Poético,

Talvez seja já arte passada,

E a escrita abandonada

Dando lugar a vista, as imagens dispostas

Uma ao lado da outra.

Talvez seja arte repassada,

E a figura caia em desuso,

E as letras figurem o papel,           mostrando desenhos.

Tornar-me-ei retrogrado,

Pelo viés democrata de outro tempo,

Que não veio.

 

 

 


Créditos na imagem: Reprodução. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/830210512549001165/Notes.

 

 

 

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