Andou por muitas estradas e ruas.
Atravessou o estado em trens, ônibus, metrôs…
Antes mesmo que esses tivessem algum sentido.
A compreensão, outra, era o fazer o que foi ensinado a fazer.
A motivação era construir o mundo o qual não pertencia.
Assim, foi, veio, vem e vai…
Erigiu cidades, mas seus braços já não são tão fortes como já foram um dia.
O mancebo de muitas peles virou homem velho
E suas coisas (de velho) o atemoram durante a noite.
Não dorme, apenas se prepara.
O próximo dia o espera – até que a espera acabe por não vir.

 

Porque andou por dias, cruzou o estado, mas sonhou pouco.
Não haviam sonhos para serem sonhados – aprendeu.
E assim, foi, é e será.

 

Braços cansados, costas que carregam o peso
De tudo aquilo que foi construído por suas mãos.
Moído, rasteja até o leito onde os olhos em sangue
Sorriem em poucos momentos de distração.
Tão raros, que logo a dor volta,
Lembrando o preço da sobriedade que lhe cabe diante da vida que o cerca.
O espelho revela a face torta de tanto segurar o choro.
O coro, que ressoa em sua mente,
O recorda que seguir é a escolha que todos como ele fazem.
Então segue…
Segue, embora cada passo leve de volta ao início;
E são tantos começos que suas entranhas já não processam mais
O alimento que entra

E que talvez, como a própria vida, não deva ser desfrutado.

 

 

 


Créditos na imagem: José Ferraz de Almeida Junior. O Derrubador Brasileiro (1875).

 

 

 

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