Da saideira

Em beira de calçada,

Esquina iluminada,

Ouço as vozes da rua.

 

Embora vazia,

Embora já vazios

Os copos e garrafas,

Ouço as vozes da rua.

 

É ela quem fala.

São eles cantando.

São elas dançando.

São as vozes da rua.

 

Vem de lá!

É pulsante e vibrante.

Quem é de ouvir, ouça!

Quem é de sentir, sinta!

 

Muito embora

Garrafas e copos vazios,

Até posso afirmar:

Ouço as vozes da rua!

 

Ela tem vida,

Sobretudo à noite,

Sob o clarão da lua cheia

Onde caminhos se cruzam.

 

Eu ouço!

E sei que vem de lá.

Latente potência

Que invade a gente.

 

Eu ouço as vozes da rua.

Dá licença, garçom!

Abre mais uma

Pra rua não parar de falar!

 

Ela tá vazia, eu sei

Mas lá tem muito morador

Que tem muito a nos ensinar.

Mais um gole pra eu escutar!

 

 

 


Créditos na imagem: Samba no asfalto, 1950 – Heitor dos Prazeres.

 

 

 


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