Para João Cabral de Melo Neto
Tua poesia é sendeiro desconforme
Construído pedra a pedra
Cada palavra-pedra que escolhes
Do teu veio particular
É um tipo de pedra-feijão
Grão pesado que afunda no alguidar
Não queres a pedra solta, aleatória
Mas a pedra calculada, meritória
Não queres a pedra rotunda, burilada
Mas a pedra quebrada e assentada com jeito
Sempre metódico, nunca melódico
Preferes o martelinho ao buril
E assim bem dispostas
Todas encontram seu leito
A pedra rugosa, de borda cortante
Incômoda, lancinante
Pedra de açúcar, pedra de sal
Arenito, lama, sisal
Pedra nordestina, pernambucana
Pedra severina, seca, graciliana
Escreveste caminho pedregoso: matéria, rocha e algaravia
Cunhaste na poesia brasileira morte, vida e maestria.
Créditos na imagem: Divulgação. Foto: Bob Wolfenson
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Luciano Alberto De Castro
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História da Historiografia: International
Journal of Theory and History of Historiography
ISSN: 1983-9928
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A1 História / A2 Filosofia
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