A vida é como o Lego —
um jogo em que nos lançamos,
desconhecendo o fim, ignorando o propósito,
impelidos pelo encanto das formas que surgem.
Cada instante é uma peça colorida,
silenciosa, imóvel, sem forma definida,
mas cheia de uma promessa oculta
que apenas o olhar atento do espírito pode intuir.

É preciso apenas admirar-se,
como o filósofo que observa o trivial,
pois, no simples ato de montar e desmontar,
habita a lógica de múltiplos mundos
que o tempo e o questionar lento desvelam.

Assim se constrói a existência:
feito e desfeito,
refeito e, mais uma vez, destruído,
no contínuo tornar-se que é o viver.
E cada bloco que se encaixa e se solta,
como um pensamento que cresce e se apaga,
como uma vida que se pensa e repensa,
revela que o essencial talvez não resida
no que permanece, mas no que ousamos desfazer
para, em constante reinvenção, reaprender.

Ao final, o segredo da vida —
como o de toda filosofia —
não é encontrar um sentido fixo,
mas permanecer admirado,
desfazendo-se e reconstruindo-se,
construindo talvez o nada,
ou, quem sabe, algo novo,
invisível aos olhos, mas real para o espírito.

 

 


 

Créditos na imagem de capa

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