[vc_row][vc_column][vc_column_text]Sorrisos desvelam-se em diferentes regiões do mundo com o simples toque de breves notas musicais ou com o declamar de poucas linhas delineadas com profunda delicadeza revelando a admiração pelas composições advindas do continente europeu. De modo simultâneo não é espanto algum para os homens e as mulheres que vivenciam um cotidiano marcado pela mão pesada da história de que os passos dados com o ritmo da humanidade e da civilidade são e foram cadenciados pelos sinos e coturnos europeus. Dialética insensata. A cultura dita universal e deveras admirada carrega em seu ventre ultrajado o sangue colorido daqueles que ainda hoje não cansam de render homenagens aos monumentos construídos pela barbárie propagada por séculos sem fim. Se a humanidade soubesse esquecer, como sugerem alguns humanistas, tanto os testemunhos positivos quanto os negativos estariam aprisionados nos empoeirados livros de história. O escandaloso problema do esquecimento é a manutenção do espetáculo dos modos de se viver resguardados pelo espólio de séculos em oposição às condições repugnantes herdadas e reformuladas que se descortinam noutros tipos de vida. Esquecimento sem reparação nunca foi ou será uma opção. Isto foi um dos maiores ensinamentos oriundos dos passos dados com o ritmo da humanidade e da civilidade. Sinos e armas não educam nem inspiram amor.
Diante do sangue estampado em todos os meios informativos após mais um ato criminoso que personifica a dialética insensata antes apontada, talvez se aproxime o momento de não mais ouvir sinos e coturnos entoando hinos de ira perpétua. É preciso afirmar sem relutância que depois de atentados nas mais diferentes regiões do mundo nenhuma vírgula ou “mas” deve ser acrescido após quaisquer comentários. É uma barbárie e ponto. Caso contrário corre-se o sério risco de nunca encerrar o ciclo de ataques no qual a vítima logo se transfigura em assassino. Talvez agora o momento dos passos dados com o ritmo da humanidade e da civilidade seja cadenciado por pedidos de desculpas. Não com a falsa inspiração da culpa religiosa, mas com a maior consciência do peso que tal ato pode inspirar. Do mesmo modo que o espírito europeu evoca a universalidade na definição dos crimes ocorridos localmente e prontamente são atendidos por todos; os homens e mulheres que se encontram no Sul Global apoiarão em nome da humanidade que ora os marcou com o sangue derramado de seus filhos inocentes, a evocação de um pedido de desculpas de todas as lideranças européias reconhecendo as múltiplas responsabilidades bélicas, colonialistas e exploratórias que geraram a maior pilha de cadáveres da história e extirparam a raiz da diversidade, assim como geraram as dores e ódios mútuos nos últimos séculos. Alguém precisa cessar este ciclo deplorável de violência contra os cidadãos inocentes. Não será com mais derramamento de sangue imposto por aqueles que só ensinaram com instrumentos de violência que o justo se apresentará. Do mesmo modo, não serão com crimes particulares e covardes que a condição repugnante herdada pelos séculos de exploração será vencida. Temeroso por ser interpretado errado afirmo com pura intenção simbólica e sem nenhuma garantia de efetividade que um caminho fundamental para que a dialética insensata torne-se menos violenta é o consciente pedido de desculpas por parte daqueles que se ouvem todos os dias falando em nome da humanidade. Pois bem, usem a voz da universalidade e humanidade, pois está na hora e de fato a humanidade deve desculpas.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_text_separator title=”SOBRE O AUTOR” color=”juicy_pink” border_width=”2″ el_class=”vc_sep_color_juicy_pink vc_separator-has-text
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Thiago David Stadler
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Journal of Theory and History of Historiography
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