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Isaías Borja

Brasil1

 

Queima a teima em sua fronte anacrônica

De tez amarrada no construto perdido na selva do coração de pedra

Queima a Mata onde fundaste teus pés de Memória

De Raízes pálidas de tanto sofrimento

Da Melancolia curtida nos trópicos sob o intenso sol

Bonita, contida, fina

Repelente remorso contra os raios lúcidos da História…

Teimam as Grades com seus Currículos fechados

Negacionismo curtido nas folhas de palmeiras

Onde cantam Fulano de Beltrano, Gasturano, Preguiçano

Que chegou e erigiu um pedaço de pau no meio do Mundo

Mas alheios são ao próprio chão

Sendo Casa o eterno e já utópico canto

De onde vieram trazendo Deus, com os demônios e todo o escambau…

Teima o Mistério da Santa Justiça, Monarquista

Que clama o doce verde, amarelo e, ah, o azul…

Que no fim das contas é Euro, é Hetero, é Cristão, Mireteteno2…

Tudo certinho, chapado, para o Gado viver em Paz

Alimentar o Mundo Enquanto nossas gentes passam fome

E o céu marcado com a Cruz até trombeta mais cedo,

Com as casas de rezo queimadas,

Com as Vidas Indígenas e Negras

Escolhidas com profunda Fé pelos Santos Curadores do Destino, que provam tudo

Menos a Nação, que queima de uma febre brava no chão frio de alguma Basílica

 

 

 


NOTAS

1 Originalmente publicado no perfil literário @xipupuri, na rede social Instagram

2 Do kwaytikindo, língua Puri, “dinheiro”

 

 

 


Créditos na imagem: Divulgação. Denilson Baniwa. Caçadores de Ficções Coloniais (2021).

 

 

 

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