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Circos
Isaías Borja

Circos 

 

Marco foste tu 

No dia da glória 

Filho da noite, veio como a aurora 

 

Olhos-noite  

Estrela da manhã  

Doce melancolia, na saudade da memória 

E em (in)finitudes 

Como o tempo, cambia, imensurável, sol, noite, luz 

Aos olhos 

 

[meu] 

 

Filho da terra, filho do céu 

Da early primavera aos dias do solstício 

 

Somos marcos vivos 

Somos seres – isso  

Somos a canção bonita trazida triste cantada do templo 

Somos escrita, criamos asas e voamos no sonho 

Somos vida, e, marcados, consumimos o tempo  

 

Tempo, tempo, traiçoeiro tempo! 

Que me afagaste com as mãos e me lançaste contra as pedras 

Meus dois corações são como a pedra que bate e vira terra 

Que sopra e vira pó  

E do pó surge a dor 

Que atravessa espaços vazios de sentido  

Amarelando a atmosfera 

Temperando o ar com tristes feelings 

 

Ó, circles! 

Ó terra, as cirandas não passaram com a infância? 

Não bebi a água?  

Não pulei, não corri, eu já não me esfolei, assim, por demasiado? 

 

É mister que sejamos como estrelas  

Que toquemos a abóboda celeste com a vara 

Que andemos descalços 

Quebremos o salto 

 

Porque nossos corações são como as montanhas que habitam a terra 

Mas seria nossa fé como o grão de mostarda? 

Seria nossa força como vulcões? 

Porque mesmo os vulcões dormem 

Mas minha dor não permite mais o sono 

 

Ó putos circles! 

Dos belos acertos ao terrível engano 

Do circo da pele clamante 

À morte que espreita o leito sadio do mancebo 

Que sorriu,  

 

Cuja lágrima pariu e germinou a terra com o sono 

 

Pois os sonhos são os mesmos desde Gênesis 

O sono e o sopro, não 

 

 

 


Créditos na imagem: Divulgação. Vincent van Gogh. Laboureur dans un Champ (1889)

 

 

 

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