(Para Cora Coralina)
Amo tua palavra crua
Teus versos com gosto de chão
Tua prosa decidida, arcaica, vigorosa
Amo tua palavra reta, sertaneja, cheirando a flores do mato
Tua palavra fácil, água corrente, limpa e ligeira sobre as pedras do riacho
Tua escrita forte, fornida, caprichosamente esculpida a machado, foice, formão
Amo tuas frases-caminhos, rastros, cartas, pergaminhos, pedras rombas dos becos de Goiás.
Amo teu coração vermelho
Teu destino marcado com ferro em brasa
Teu ofício de doceira, dona de casa, mãe, trabalhadeira
Amo tuas mãos calejadas, teus ouvidos atentos, teus olhos sagazes
Tua sina de mulher longeva, vivedoura, nômade, caminhante, goiana e retirante
Tua casa da ponte, lapa, masmorra, guardiã de segredos, de ritos longínquos, imemoriais
Amo-te, Aninha menina, anciã Coralina arrastando as chinelas pelas ruas, vielas da tua velha Goiás.
Créditos na imagem: Reprodução. Disponível em: https://vermelho.org.br/prosa-poesia-arte/cora-coralina-a-doceira-poeta-que-publicou-seu-1o-livro-aos-75-anos/Notes
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