o assoalho e tudo o que ele engole.

estará nascida a árvore

que será este poema?

fenda cujo estofo é a gamela

atravessada pelo enchó

de pouca luz e sangue.

serei a véspera da família

pelos cantos da casa?

os dias que alimentam o porão de noites

ou o lápis de deus perscrutando

a corda certa não saberei nunca, embora

o barrote mensure a vida

feito o zahir de borges.

a cômoda gigante, a sala e o tio

– utensilio e tábua – a tia, a reza irada

entre vasilhames, gemidos e santos,

os paus de cada móvel e um relógio inútil

a percorrer as horas.

 

 

 


Crédito imagem:  Farnese de Andrade, O Anjo Anunciador, 1976. Fragmento de cabeça de anjo, ex-votos [seios], sobre placa de madeira sobre porta de móvel policromado, 68 x 36 x 20 cm. Foto: Sérgio Guerini.

 

 

 

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