Jombe Puri He Oera

Ta txorebakoya

Yamoeni erekema ando he brotxema day

Ocidente

Makim, rayon-beorona ne tri

Yamoeni vemu ne kopran agahon xaperre

Kandjuhma, yuñun kahira-kua koxnale,

Nat kaya he tigagika omi orun ñamantuza

Agahon yuñun tangweta he korote

 

Pañike pa kahira ndondma

Yuñun taheantah ambonamma

Glere, britule pañike-yuñun kahira day uxo tatak

 

Pañike lekah day taheantah laman prika

Pañike pa yuñun metl’onom boase prika

Yamoeni miretetena krimma ne tepanmole ndran

 

Jombe Puri kemun day axe

 

Tradução do Kwaytikindo, língua Puri, para a língua Portuguesa[1]:

 

Puri é amanhã há muito tempo…

Dizem

que tudo foi feito no Ocidente

 

Mas, o não-indígena branco não sabe

Que o dia não se caça com a mão

Amargurado, seu umbigo de pedra se encoleriza,

Pois o tempo é como um grande rio

[sua sombra, entretanto, é magra]

 

Nós temos o umbigo curado

Nossos ancestrais encantados dançam, cantam,

Aquecem nosso umbigo no coração de nosso território

 

Nós moramos no espírito de nossos antepassados

E temos suas palavras fortificantes

que o ouro ensanguentado não pode apagar

Os Puri andam sobre a terra há muito tempo…

 

 

 


NOTAS

[1] Originalmente publicado na página de @xipupuri, da rede social Instagram.

 

 


Créditos na imagem: Arquivo pessoal do autor.

 

 

 

SOBRE O AUTOR

Isaías dos Anjos Borja (Xipu Puri)

Mestrando em Letras, Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Se interessa por temas referentes às relações entre História e Memória, Decolonialidade, Histórias e Culturas Indígenas e pela Literatura Indígena Brasileira, tema de sua pesquisa de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (POSLETRAS): Estudos da Linguagem da UFOP, vinculada à Linha de Pesquisa "Literatura, Memória e Cultura". É indígena do povo Puri, poeta, produtor e músico experimental, sendo autor de livros de contos e poesias (com o semi-heterônimo Alfredo e seu nome étnico Xipu Puri), participando de duas coleções literárias do Selo Off Flip, das antologias "Outros 500" e "(ECO)AR" da editora Toma Aí Um Poema, além de possuir publicações em portais acadêmicos e culturais. Em dezembro de 2022 lançou o Extended Play intitulado "taheantah tri", uma produção literária experimental com música. É coautor da dramaturgia ''Siaburu'', presente na Caixa de Dramaturgias Indígenas organizada pela N-1 Edições em parceria com a produtora Outra Margem durante a terceira edição do Teatro e Povos Indígenas (TePI). Siaburu estreou como espetáculo em junho de 2023, em Évora, Portugal e contou com a atuação de Xipu na produção musical. Em setembro de 2023 lançou seu segundo álbum, intitulado "Pindobeat". Atualmente se dedica ao estudo da História pela Literatura Puri, à produção artística, além de compor o corpo de colaboradores voluntários do Museu da Cultura Puri.

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