Melancolia, Alegoria e Modernidade em Edgar Allan Poe: uma análise do conto A Queda da Casa de Usher

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Neste ensaio, será analisado o conto A Queda da Casa de Usher, do escritor estadunidense e romântico[1] Edgar Allan Poe[2]. Busca-se, a partir da perspectiva de Walter Benjamin, discutir sobre a relação entre luto e melancolia, apresentando a disposição afetiva melancólica e suas implicações no comportamento do indivíduo. Além disso, tenciona-se discutir sobre a relação entre este afeto e alegoria, evidenciando a condição de caducidade das coisas e o jogo arbitrário com a realidade engendrado pelo alegorista melancólico, em articulação com a temporalidade moderna.

Publicado em 1839 e traduzido pelo poeta francês Charles Baudelaire, o conto centra-se na relação interpessoal entre os irmãos gêmeos Roderick e Madeline Usher, sendo este relacionamento fraternal, marcado pelo luto e pela melancolia, narrado e descrito pelo amigo desconhecido e não identificado de Roderick. Após receber uma carta deste último conclamando-o a se juntar aos gêmeos com urgência, em função de uma doença física e mental que se abatera sobre o Usher, o amigo-narrador parte imediatamente para a sombria, soturna, decadente e melancólica Casa dos Usher. Ao chegar ao recinto e conversar com o seu companheiro, o amigo-narrador incógnito logo descobre que Lady Madeline possui uma enfermidade desconhecida e intratável pela ciência médica, que a fazia ter crises epilépticas constantes e a exauria gradualmente, estando, assim, fadada a morrer a qualquer momento. Tal fato causa mudanças profundas no comportamento de Roderick Usher, o qual passa a agir de maneira cada vez mais estranha, apresentando um grave e periclitante quadro de melancolia, com efeitos imprevistos para si e para todos que o cercam.

Na primeira parte do conto, o narrador informa que a linhagem dos Usher era conhecida por um comportamento sensível extraordinário ligado às artes, sobretudo à música, o qual repercutia na índole e na moral destes aristocratas, senão vejamos:

[…] sua família, muito antiga, se distinguira, desde tempos imemoriais, por uma peculiar sensibilidade de temperamento, revelada, através dos séculos, em muitas obras de arte de exaltada inspiração e manifestada, havia muito, em repetidos atos de estupenda mas recatada caridade, bem como por uma apaixonada devoção às dificuldades, talvez mais do que às belezas facilmente reconhecíveis e ortodoxas da ciência musical (Poe, 1993, p. 8-9, grifo nosso).

Tal sensibilidade pode ser compreendida e significada como melancolia, já que, conforme apontou Benjamin (1984) ao analisar as origens da melancolia moderna no Trauerspiel (drama barroco alemão)[3], no pensamento ocidental esta disposição afetiva, originada a partir de uma perda de sentido, de um objeto ou de um ente amado, foi, frequentemente, associada à inspiração, à introjeção e à reflexão. Por outro lado, tal sentimento também foi associado à loucura, à tirania e ao arbítrio do melancólico sobre outrem. Desse modo, os Usher se constituem como melancólicos, configurando-se como gênios e/ou loucos, sendo este último temperamento o que se sobressai, como veremos. Esta perturbação mental também explica, possivelmente, o fato de a genealogia dos Usher não se bifurcar ou tomar outros caminhos descendentes, mantendo-se sempre em linha reta, como observa o amigo-narrador. Assim sendo, os Usher são naturalmente melancólicos, e a doença de Lady Madeline se constituirá como elemento catalizador dos efeitos nocivos que esta disposição pode assumir, mais propriamente dos efeitos nocivos da melancolia sobre o irmão.

Como observa o narrador ao adentrar a residência, a melancolia dos Usher também repercute no ambiente da casa, nos móveis e demais objetos dispostos pela residência, sendo “o mobiliário geral excessivo” (Poe, 1993, p. 11), as tapeçarias sombrias e escuras, além de livros e de instrumentos musicais estarem espalhados e de jazerem na sala suntuosa e sombria da mansão, sem uso. Dessa forma, o amigo-narrador observa que “[…] respirava uma atmosfera de tristeza. Um ar de severa, profunda e irremissível melancolia pairava sobre tudo, envolvia tudo” (Poe, 1993, p. 11). Tal descrição é semelhante às imagens dos objetos presentes na gravura Melencolia I, do pintor e teórico da arte alemão quinhentista Albrecht Dürer. Tendo em vista que a presença nesta gravura de utensílios e objetos da vida prática, da vida ativa, dispersos no chão, sem uso, e como objetos de meditação, representa o caráter introspectivo e ruminante do melancólico, que o faz abandonar e rejeitar o cotidiano, a vida prática, a vida exterior (Benjamin, 1984, p. 164). Nesse sentido, a presença destes objetos – o livro, que se relaciona à meditação, e os instrumentos musicais, que se relacionam ao cotidiano – na sala é mais um dos aspectos indiciários da melancolia dos Usher.

Soma-se a este aspecto descritivo e indiciário da melancolia da Casa dos Usher, a descrição das características físicas e do comportamento de Roderick Usher realizada pelo narrador após o seu primeiro contato com o amigo de longa data, após anos sem vê-lo. Este apresentava uma expressão e condutas marcados por uma “ausência de energia moral” (Poe, 1993, p. 12), por uma oscilação brusca de maneiras, que o deixava ora soturno, ora vivaz, por uma tez cadavérica, pálida e espectral, e por uma aparência descuidada, com cabelos grandes e semelhantes a teias de aranha. Aparência a qual o narrador afirma não conseguir “[…] relacionar […] com qualquer idéia de simples humanidade” (Poe, 1993, p. 12). Tal concepção vai ao encontro do que afirmou Benjamin (1984) acerca da animalização do melancólico. Este, ao ficar refletindo excessivamente, isto é, ruminando seus pensamentos, torna-se um animal. Daí, advém a “ausência de energia moral”, já que o melancólico perde o interesse pela vida prática, voltando-se para a vida interior. Assim, em função da perda iminente da irmã e, sobretudo, da meditação excessiva e constante sobre este fato, Roderick Usher torna-se um melancólico inveterado e inicia um processo de perda da razão e de sua autonomia, afigurando-se, desse modo, a um animal, “[…] a um escravo forçado de uma espécie anômala de terror” (Poe, 1993, p. 13).

Este terror do qual Usher se torna escravizado não reside na morte da irmã Madeline Usher, mas sim nos efeitos que a morte desta irá lhe causar, nos “acontecimentos futuros” (Poe, 1993, p. 13), mais propriamente na perda da razão e da lucidez, conforme Roderick mesmo afirma ao seu amigo: “Não receio, efetivamente, o perigo, exceto em seu efeito absoluto: o terror. Neste estado de excitação… nesta lamentável condição… sinto que chegará logo o momento em que deverei abandonar, ao mesmo tempo, a vida e a razão […]” (Poe, 1993, p. 13). Daí, advém a sua meditação excessiva, do fato de ele passar a ser o último da linhagem dos Usher e, sobretudo, dos efeitos da perda iminente “[…] de uma irmã ternamente amada, sua única companheira durante longos anos, e sua última e única parenta sobre a terra (Poe, 1993, p. 14). Nesse sentido, o amigo fora chamado à casa para tentar amenizar a sua melancolia. No entanto, como veremos, a despeito dos esforços deste, Usher e sua irmã acabarão sucumbindo à melancolia, e o amigo-narrador está cônscio disso:

E assim, à medida que uma intimidade cada vez maior me permitia penetrar, sem certas reservas, no recesso de seu espírito, mais amargamente percebia a inutilidade de qualquer tentativa no sentido de alegrar um espírito cujo negrume, como se fosse uma qualidade positiva e inerente, se esparzia por todos os objetos do mundo físico e moral, numa irradiação incessante de tristeza (Poe, 1993, p. 15).

A melancolia de Roderick chega a tal ponto que ele passa a ter “impressões supersticiosas” (Poe, 1993, p. 13) relativas aos objetos da casa. Nestas impressões, externalizadas para o amigo-narrador em conversas, Usher afirma que os tijolos, as paredes, as pedras dispostas em dada posição na construção e o lago sombrio e denso que circundava a mansão possuíam uma sensibilidade que influía sobre o seu comportamento, sobre o seu estado de espírito triste e melancólico, senão vejamos:

As condições da sensibilidade estavam aí cumpridas – pensava ele – no método de colocação de tais pedras… na ordem de seu rearranjo, bem como na dos numerosos fungos que cobriam e das árvores doentias que se erguiam em redor – mas, sobretudo, na imutabilidade daquela disposição e em seu desdobramento nas águas imóveis do lago (Poe, 1993, p. 19).

Tais impressões podem ser consideradas como tentativas de Roderick Usher de lidar com a perda de sentido iminente (a vida da irmã), já que, conforme apontou Benjamin sobre o luto, este “[…] é o estado de espírito em que o sentimento reanima o mundo vazio sob a forma de uma máscara, para obter da visão desse mundo uma satisfação enigmática” (Benjamin, 1984, p. 162). Assim sendo, Usher se torna um alegorista, engendrando alegorias, chaves de leitura contingentes de uma coisa/pessoa sobre outra coisa/pessoa, a partir do mundo dos objetos e, como veremos, da vida e morte da própria irmã.

Trata-se de um alegorista, na medida em que, conforme observa Gagnebin (1999) a partir de Benjamin, a alegoria se origina através da perda de sentido, de uma desorientação e de uma instabilidade semânticas, pela qual o alegorista imprime arbitrariamente, a seu bel prazer, sentidos e significados às coisas do mundo, exercendo, assim, o arbítrio, um poder de tirano. Desse modo, tal poder tirânico pode ser visualizado nestas impressões relativas ao mundo dos objetos do melancólico Usher, o qual atribui e imprime novos significados, completamente arbitrários, aos significantes, culminando na polissemia imposta por ele e, finalmente, numa espécie de produção de sentidos a partir do vazio, de um jogo entre criaturas (objetos e ser humano), de modo a preencher o vazio. Tendo em vista que as coisas, os objetos, assim como os seres humanos, sendo criaturas criadas por Deus, são naturalmente tristes e melancólicas, já que perderam a eternidade, a vida eterna, em função da queda do Éden causada pelo pecado primal, tornando-se, dessa forma, criaturas finitas e sujeitas à decadência, à caducidade e à historicidade (Benjamin, 1984, 2013).

E, mais do que isso, perderam a linguagem adâmica, que garantia a imutabilidade e a eternidade da realidade e do sentido das coisas. Originando, desse modo, a linguagem dos homens, essencialmente alegórica, que nasce da perda da eternidade, do vazio, do luto, o qual é uma predisposição para a “ausência da linguagem” (Benjamin, 2013, p. 71), ao mesmo tempo em que se constitui como ímpeto à produção de sentidos diversos e arbitrários para preencherem essa ausência. Assim, o alegorista Usher cria significados próprios para o mundo dos objetos, a partir de sua tristeza e melancolia, e como reação a esta, já que, como vimos, a alegoria está intrinsecamente ligada à perda de um sentido e, por extensão, à historicidade e à finitude da natureza como um todo, associadas, por sua vez, à condição de decadência dos seres vivos. Em outras palavras, para além de uma questão estética, como mostrou Benjamin (1984), a alegoria parte de uma questão ontológica, pois ela em si mesma é contingente e está atrelada a um desejo de eternidade e à impossibilidade reconhecida de alcançá-la, reportando-se, assim, à finitude da natureza, dos seres humanos e não-humanos, sujeitos à caducidade em função do pecado. O jogo alegórico de Usher parte dessa concepção, de uma criatura finita e, portanto, melancólica imprimindo novos sentidos a coisas também finitas, de modo a preencher o vazio.

Os últimos pontos a serem destacados do conto são o seu clímax e desfecho. Após alguns dias da chegada do amigo-narrador à mansão, o estado de saúde de Lady Madeline se agravou ainda mais, levando-a, segundo informou seu irmão, à morte. No mesmo dia da partida da irmã, Roderick Usher realizou um peculiar pedido ao seu amigo: manter o corpo da irmã amada, por ora, em uma das criptas que existiam no casarão, de modo a evitar a curiosidade de vizinhos e de médicos, em função da distância do jazigo dos Usher e da atipicidade da patologia que acometeu Lady Madeline. Embora tenha achado estranho o pedido, o amigo assentiu e ajudou Usher a realizar o sepultamento temporário, depositando o corpo da falecida em um ataúde no interior da cripta recoberta de cobre. Decorridos oito dias desde o falecimento, em um dia de grande tempestade, o amigo-narrador, intentando aliviar a melancolia cada vez mais intensa e grave de Roderick, propõe a leitura de um romance medieval de cavalaria, o que funciona por um breve período de tempo.

Ao chegar no desfecho deste romance medieval, no entanto, o amigo e Roderick ouvem barulhos pesados e ecos retumbantes na porta. Era Lady Madeline. Usher, com um sorriso espantoso no rosto e tendo um surto, informa ao amigo que tem ouvido este mesmo barulho durante dias: “Mas não me atrevia – oh, miserável infeliz que sou! – não me atrevia a falar… não me atrevia a falar! Nós a colocamos viva em sua tumba!” (Poe, 1993, p. 26). Desse modo, após derrubar a porta, Lady Madeline retorna, com as vestes todas ensanguentadas, e ataca o irmão, assassinando-o e arrastando-o para o chão. O conto termina com o amigo fugindo do local e com a Casa de Usher sendo destruída e tragada pelo lago sombrio da propriedade.

O ato de Usher de enterrar a irmã viva demonstra que a sua melancolia o levou a um estado de loucura, de completa perda da razão, culminando com a sua morte e a destruição da linhagem dos Usher. E, para além disso, tal ato expõe, mais uma vez, o poder tirânico do alegorista melancólico Roderick Usher, mas agora em relação à irmã amada, já que, consoante Benjamin:

Se o objeto se torna alegórico sob o olhar da melancolia, ela o priva de sua vida, a coisa jaz como se estivesse morta, mas segura por toda a eternidade, entregue incondicionalmente ao alegorista, exposta a seu bel-prazer. Vale dizer, o objeto é incapaz, a partir desse momento, de ter uma significação, de irradiar um sentido; ele só dispõe de uma significação, a que lhe é atribuída pelo alegorista (Benjamin, 1984, p. 205).

Nesta perspectiva, não havendo nenhum sentido estável, nem um referencial fixo no sujeito melancólico ou no objeto (a realidade, a irmã), as coisas podem ter múltiplas significações e, consequentemente, nenhuma (Gagnebin, 1999, p. 40). Em outras palavras, vida pode significar morte e morte pode significar vida, conforme o desejo e o ensejo do alegorista melancólico. Nesse sentido, tendo perdido o sentido da razão e da vida e não conseguindo lidar com a perda iminente, Roderick Usher deposita a irmã ainda viva em um ataúde, já que a concebe como morta, exercendo, assim, o seu poder tirânico, arbitrário e violento de alegorista, que o leva a antecipar a morte da irmã amada.

Essa relação de dependência semântica entre o alegorista melancólico Usher e a sua alegoria, isto é, a sua irmã, pode ser ampliada também para uma dependência social, engendrada pelo patriarcalismo. Haja vista que, conforme defende Marcelo Rangel (2020, 2023, no prelo) ao analisar a constituição da realidade, a melancolia benjaminiana e seus “afetos protagonistas”, mesmo amando outra pessoa, mesmo as relações interpessoais tendo como base o afeto do amor, os sujeitos podem ser violentos, já que organizam a sua realidade e se orientam a partir de afetos e comportamentos gerais próprios ao seu mundo, como é o caso, por exemplo, do patriarcalismo. Assim, além das questões relativas ao poder tirânico do alegorista e, é importante destacar, mesmo amando sua irmã, Usher adianta a morte desta como forma, possivelmente, de continuar no controle da situação, da realidade, da sua família; continuar determinando o seu futuro, bem como o comportamento e futuro da irmã, princípios caros a um ethos oitocentista patriarcal, no qual Usher e sua irmã estavam inseridos.

Tal fato, somado à dependência semântica imposta pelo alegorista às suas alegorias relativas à casa, aos objetos e, sobretudo, à irmã, engendra um quadro de profunda dominação – semântica e social – de Usher sobre Lady Madeline, fazendo com que ele decida o que é vida e o que é morte e quando e como esta deve morrer, inviabilizando, assim, os outros futuros possíveis que vicejam no horizonte. Dessa forma, os efeitos nocivos da melancolia somam-se aos efeitos perniciosos da moralidade patriarcal oitocentista, os quais se articulam, por sua vez, à incompreensibilidade dos sujeitos modernos para o caráter de possibilidade do real (Rodrigues e Rangel, 2012) e ao desejo de tentarem controlar o real e o futuro constantemente por meio de macronarrativas, como o progresso e a razão (Gumbrecht, 1998).

Por fim, este conto de Poe se constitui como uma alegoria para a melancolia, mais propriamente para como a melancolia natural dos gêmeos e de sua família, agravada pela perda iminente de Lady Madeline, colocou um fim na vida e na linhagem dos Usher. Há no conto, ainda, possivelmente, a crítica romântica de Poe à razão, ao ensejo moderno de controle da realidade pela razão, que obscurece o caráter autônomo da realidade de organização e reorganização do horizonte histórico, bem como a crítica à dominação patriarcal; críticas ilustradas pelo ato de Roderick Usher de antecipar a morte da irmã, em função da sua incapacidade de lidar com os efeitos da morte desta, sobretudo a perda da razão e da vida. Nesse sentido, o conto pode ser, ainda, uma alegoria para a queda do Éden, já que o que provocou a expulsão dos irmãos Adão e Eva do paraíso, tornando-os decadentes, foi o fato de terem comido o fruto da árvore do conhecimento, remetendo, assim, à razão, mais uma vez. Em suma, observa-se no conto a transformação de um gênio em um louco pela melancolia, pela autorreflexividade e meditação intensas acerca dos efeitos da morte de um ente amado, somadas à violência do alegorista e de certo horizonte histórico.

 

 

 


REFERÊNCIAS:

BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984.

______. Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem do homem. In: ______. Escritos sobre mito e linguagem (1915-1921). São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2013, p. 49-73.

BERLIN, Isaiah. As raízes do Romantismo. São Paulo: Fósforo, 2022.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Alegoria, Morte, Modernidade. In: ______. História e Narração em W. Benjamin. 2.ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999, p. 31-53.

GALVÃO, Walnice Nogueira. Romantismo das trevas. Teresa – revista de Literatura Brasileira, São Paulo, p.65-78, 2013.

GUMBRECHT, Hans U. Modernização dos Sentidos. São Paulo: Editora 34, 1998.

LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e melancolia: o romantismo na contramão da modernidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

POE, Edgar Allan. A Queda da Casa de Usher. In: ______. Histórias extraordinárias. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1993, p. 7-27.

RANGEL, Marcelo de Mello. Resistência, ódio e amor! In: AMITRANO, Georgia; HADDOCK-LOBO, Rafael; RANGEL, Marcelo de Mello (orgs.). Rosas e pensamentos outros. Rio de Janeiro: Ape’Ku, 2020, p. 190-198.

______. A melancolia benjaminiana: fúria, amor e delicadeza. Revista Educação e Filosofia. UFU, Uberlândia, 2023 (no prelo).

RODRIGUES, Thamara de Oliveira; RANGEL, Marcelo de Mello. História e Modernidade em Hans Ulrich Gumbrecht. Revista Redescrições – Revista on line do GT de Pragmatismo Ano 4, Número 1, 2012, p. 63-71.

 

 

 


NOTAS:

[1] O Romantismo é aqui compreendido como uma forma de pensamento própria à modernidade, que emerge no final do século XVIII, na Alemanha, se constituindo como uma reação à razão universal iluminista e como uma autocrítica ao mundo moderno e ao sistema capitalista. O movimento tem como princípios caros o respeito à individualidade e subjetividade dos sujeitos e a tematização das emoções, do sentimento e do inconsciente, em oposição às proposições científicas generalizantes do Pensamento Ilustrado francês e à alienação do sistema capitalista (BERLIN, 2022; LÖWY e SAYRE, 1995).

[2] Poe insere-se no subgênero literário do movimento romântico denominado de Romantismo sombrio ou Romantismo das trevas, o qual centra-se na tematização do grotesco, do sobrenatural, do irracional, do perverso, da mentalidade criminosa e da condição de decadência, finitude e falibilidade humana. Suas obras são marcadas pela “idealização da morte e da putrefação” (GALVÃO, 2013, p. 75) e pela estética gótica.

[3]O drama barroco alemão seiscentista emerge em um mundo dilacerado pelo desejo de eternidade e salvação e pela consciência da finitude e decadência dos sujeitos, em virtude da Reforma Protestante e do início do processo de secularização. Daí, advém, segundo Benjamin (1984), a melancolia do Trauerspiel, da perda da eternidade e da salvação, engendrada pela crítica luterana à Doutrina das boas obras.

 

 

 

 


Créditos na imagem: Johann Heinrich Füssli. O pesadelo. Óleo sobre tela, 1781. Instituto de Artes de Detroit. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:John_Henry_Fuseli_-_The_Nightmare.JPG. Acesso em: 18 ago. 2023.

 

 

 

 

SOBRE O AUTOR

Keversson William Silva Moura

Mestrando em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. Integra o Grupo de Pesquisa Temporalidades e Histórias Populares. Desenvolve pesquisa na área de Teoria da História, História da Historiografia Brasileira e Literatura Romântica, onde investiga o Romantismo brasileiro e as suas interfaces com a questão homoerótica.

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