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Poema da Quarta-Feira de Cinzas
Proust Suburbano

Poema da Quarta-Feira de Cinzas 

 

Quando chegar o dia de ler o Sermão de Quarta-feira de Cinzas

não me convide.

Não estarei aqui.

Não terei voz para o proferir.

Quando chegar o dia, e esse dia

é hoje,

eu serei memento mori.

Pierrô apaixonado, margarida,

Colombina

de gravura ou de grafite.

Quando chegar o dia de ler as Cinzas,

serei o sermão do Bom Ladrão,

o sol na penumbra,

esses Brasis.

Hoje, como ontem, comoção

é o desenho do casal de mestre-sala e porta-bandeira

da Mangueira.

Lágrima nada artificial, lágrima de Carnaval.

 

 

 


Créditos na imagem: Divulgação. Chronosfer

 

 

 

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