Poema da Quarta-Feira de Cinzas

0

 

Quando chegar o dia de ler o Sermão de Quarta-feira de Cinzas

não me convide.

Não estarei aqui.

Não terei voz para o proferir.

Quando chegar o dia, e esse dia

é hoje,

eu serei memento mori.

Pierrô apaixonado, margarida,

Colombina

de gravura ou de grafite.

Quando chegar o dia de ler as Cinzas,

serei o sermão do Bom Ladrão,

o sol na penumbra,

esses Brasis.

Hoje, como ontem, comoção

é o desenho do casal de mestre-sala e porta-bandeira

da Mangueira.

Lágrima nada artificial, lágrima de Carnaval.

 

 

 


Créditos na imagem: Divulgação. Chronosfer

 

 

 

SOBRE O AUTOR

Eduardo Sinkevisque

Eduardo Sinkevisque é doutor em Letras: Literatura Brasileira (FFLCH/USP). É sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Retórica. Publicou o e-book Mar dos Dias (Árvore Digital, 2018). Publicou o livro Tratado Político (1715) de Sebastião da Rocha Pita - Estudo Introdutório, transcrição, índices, notas e estabelecimento do texto por Eduardo Sinkevisque (EDUSP, 2014). Foi pesquisador Residente na Fundação Biblioteca Nacional, cuja pesquisa foi em diários. Eduardo publica textos em seu blog, o blogmenos (www.blogmenos.tumblr.com) e colabora em várias revistas acadêmicas e literárias. Trabalha em consultoria de texto e de pesquisa na área de Humanas. Para contactá-lo: instagram @dudasinke e email esinkevisque@hotmail.com.

No comments

Veja: