Escrevi a palavra morte
No coração daquela estante.
Cruzei a ponte da vida e voltei,
À procura de água fresca para dar à minh’alma.
O sol está escuro hoje.
O dia será perverso amanhã.
As nuvens acalentaram meus olhos
E as mãos do meu amado tocaram as minhas,
Rompendo os limites da expressão e do espaço.
O peito chorou no pasto da mentira.
A aranha é uma demônia disfarçada.
Os beijos dele são o pão do céu
E as flores amarelas são filhas do sol.
O azul das coisas é o refúgio dos sonhos.
Chorei um oceano dessas coisas
Na porta da minha casa.
A Terra chora, você nem vê.
O luto da Terra é o luto de uma mãe.
A luz natural é a luz que traz vida
E a vida é miscelânea
Que se harmoniza no silêncio.
Créditos na imagem: Diego Rivera. The Painter’s Studio (1954).
SOBRE O AUTOR
Mestrando em Letras, Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Se interessa por temas referentes às relações entre História e Memória, Decolonialidade, Histórias e Culturas Indígenas e pela Literatura Indígena Brasileira, tema de sua pesquisa de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (POSLETRAS): Estudos da Linguagem da UFOP, vinculada à Linha de Pesquisa "Literatura, Memória e Cultura". É indígena do povo Puri, poeta, produtor e músico experimental, sendo autor de livros de contos e poesias (com o semi-heterônimo Alfredo e seu nome étnico Xipu Puri), participando de duas coleções literárias do Selo Off Flip, das antologias "Outros 500" e "(ECO)AR" da editora Toma Aí Um Poema, além de possuir publicações em portais acadêmicos e culturais. Em dezembro de 2022 lançou o Extended Play intitulado "taheantah tri", uma produção literária experimental com música. É coautor da dramaturgia ''Siaburu'', presente na Caixa de Dramaturgias Indígenas organizada pela N-1 Edições em parceria com a produtora Outra Margem durante a terceira edição do Teatro e Povos Indígenas (TePI). Siaburu estreou como espetáculo em junho de 2023, em Évora, Portugal e contou com a atuação de Xipu na produção musical. Em setembro de 2023 lançou seu segundo álbum, intitulado "Pindobeat". Atualmente se dedica ao estudo da História pela Literatura Puri, à produção artística, além de compor o corpo de colaboradores voluntários do Museu da Cultura Puri.
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