Livros, muitos livros pelo chão

(não, eu não era assim).

 

Há que arrumá-los, dispô-los

nas devidas prateleiras – quais serão?

Sobram livros, ubíquos

dispostos a estar lá e aqui, devidamente.

 

Há que inventar classificações,

mas os livros jamais obedecem

ao que os calcifica.

 

Encontros

entre páginas desencontradas:

 

Há livros inteiros de poemas

nas dedicatórias, apenas.

(somadas, uma coleção de amores

perdidos).

 

Palavras bem desenhadas, arabescos

grifos, pretos, escuros azuis

a lápis, a pena, a cera

impiedosamente relatam

toda uma história sem solda.

 

Dos temas, desérticos, lluviosos

so lovely ou ettonants,

inútil dizer

nova e novamente

que tudo já foi dito.

 

As letras desentranham-se

do papel (envelhecido)

desletrizam-se, rabiscam

tantos tempos, superpostos,

enovelados, entre

cruzados, entre

tecidos, tantos fios e

outras cerziduras.

 

Desencontro-me entre páginas arrumadas

(visado já chamá-las labirintos, mas eis onde morrem os beijos).

Folheio.

Alinhavos de mim.

 

 

 


Créditos na imagem:  The Yellow Books, 1887 (oil on canvas), arte de Vincent van Gogh (1853-90).

 

 

 

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