Todos os dias a cicuta socrática,
Peça última, diante o desamparo.
Após o gozo delirante
Espreita-me durante as madrugadas.
Entre carência de dopamina e aceleração repentina,
Desembrulho o presente
E o embalado com as fitas vermelhas
De um passado nostálgico
Dentro da caixa guardo o receio de um futuro
Onde as cordas bambas nos levam ao fim último,
A putrefação, embalada em um caixão.
Debaixo de um epitáfio talhado em mármore.
Aqui sozinha sentada no balanço do meu consciente
As brisas trazem a minha memória
Lapsos de lembranças de outrora
A psicologia no geral nos ensina
A sermos o protagonista da nossa própria história
Particularmente sempre fui espectadora
Nunca a mocinha ou a vilã
Aqui nesse divã, deitada reflito.
Se eu interpretei os papéis foi por pura
Representação do meu ego na vida cotidiana
Tentando conduzir o trem
No fluxo contínuo da linha de meu raciocínio
Os telescópios ao meu lado
Avistam estrelas opacas que indicam
Tempos difíceis para aqueles que ainda residem
Nestes tristes trópicos.
Créditos na imagem: Divulgação. Calendário. Foto: Chronosfer. Disponível em https://chronosfer2.wordpress.com/2021/03/
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