Oportunidades
ÚLTIMO POSDCAST LANÇADO

Blog Post

Cheio de Si
Poesia

Cheio de Si 

 

Surpreendido pelo afago do vento, até pensou estar vivo

Os dias estão passando tão rápido, constatara em um lapso de lucidez

Quando percebera o tempo, estava novamente no mesmo lugar

Ouvindo os mesmos sons, ritmizava-se em rotinas

Observando o crescimento das plantas, acalmava-se em angústias

Planejando as mesmas coisas, ciclos de repetição inéditos

Acreditara no futuro, se iludira com a ordenação do caos

Conversando com as mesmas pessoas, confiara na memória

Assuntos diferentes, entonações e performances variadas

Sentira-se inventor do mesmo novo, do tudo vazio

Pensara ser a vida um looping, abrira a janela

Não, não era, nunca sequer fora vida, eram instantes

Enquanto a empurrara sob o fado da liberdade, ludibriara-se

O imaginário colonizado, nutrindo repetidas representações

Os mapas recaindo sobre tudo, cartografias dos corpos

Tão somente projeção, tão somente corpo, tão somente

De lá para o nada que aqui se faz tudo, existira

Nesse mundo que construíram, de suas convenções racionais

Viver tornara-se um labirinto, o corpo alinhado, curvara-se

Construir o mundo todo dia, um alento frente ao absurdo

Às vezes percebera o cheiro do mundo, fedia

Sentira o perfume da morte, respirara fundo e voltara aos sonhos

Vivendo circunscrito do que imaginara

Sonhos com o perfume da morte anunciando o libertador fim

O paraíso das não escolhas, o não lugar da frustração

Onde a liberdade não tem peso não há renúncias

Onde as escolhas são fluências a plenitude se presentifica

Nutrira-se de si durante vidas, vivera cheio de solidão

 

 

 


Créditos na imagem: Liw Sepol. Título: Dialética do Eu. Técnica: Aquarela sobre papel. Dimensões: A4 (210 mm de largura e 297 mm de altura.). Ano: 2019

 

 

 

[vc_row][vc_column][vc_text_separator title=”SOBRE O AUTOR” color=”juicy_pink”][vc_column_text][authorbox authorid = “101”][/authorbox]

Related posts

Deixe um comentário

Required fields are marked *