I
A lama escorre
Pela ribeira,
E toma o rio.
Tudo é terra,
Minério tóxico,
Pranto e destruição.
A mata verde atlântica,
Tingiu-se de poeira,
E os pés de sucupira,
Caíram frente ao estouro.
Todo mundo chorou,
Pelos que não tiveram tempo,
De chorar pela lama.
II
Em Mariana,
Na Sé não tocou o sino.
Mas na Prainha,
O filho chorou pela mãe.
Em Bento,
A mãe rezou pra mercês.
Compadecida,
A santa foi junto: nos entulhos da lama.
III
Minha casa:
É escombro,
Lembrança vazia,
Memória esquecida.
Minha casa:
É saudade gélida,
Agora é trauma sonoro
Me acordando toda noite.
Créditos na imagem: Yuri Barichivich/ Greenpeace- Reprodução: UOL
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