meus olhos

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quem eram meus olhos

quando você passa?

quais formas passam

por mim neste infinito dia

que insiste em haver

e registrar por aqui

o lugar-você, nesta irrefutável

brutalidade da paisagem congelada

para o corpo que passa,

sendo o seu cabelo brevidade que parece acontecida

no fundo vale inventado

pelo sangue grosso do tempo?

meus pais andaram por mim

um chão perdido. um gosto por você houvesse talvez

lá quando me detive, petrificado

por suas sandálias amarelas de mulher que não pararia nunca de mover aquela tarde.

 

 

 


Créditos na imagem: O Caminhão Mack. Carlos Bracher, 1965.

 

 

 

SOBRE O AUTOR

Adriano Menezes

Autor dos livros Os Dias (Editora Scriptum, 2004), Via Expressa (Editoras Scriptum e Anome Livros, 2007), entre outros. Professor de Filosofia.

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