No mover constante, o branco gelo se marmoreia com o cinza chumbo
Num eterno retorno, nuvens sem destino metamorfoseiam-se sem parar
Envelopando montanhas, serras, rochedos e qualquer coisa ao fundo
Sombras seguem escorregadias em um constante deslizar
Serpenteiam entre o verde denso dos vales e o claro azul intenso do céu
Estrondosa sutileza triangular das garças no fim de uma tarde de verão
A dança da branca revoada, sensualmente assemelha-se a dos véu
Sublima-se o contemplar e o existir plenifica-se em observação
Esplêndido estar no anoitecer, dói tanta beleza: divino açoite
As cores cedem em deslizante concessão o seu espaço à escuridão
O anil que a tudo cobriu veio de trás e por cima: fez-se noite
Madrugada velha, mistérios criados, mundos desconhecidos na vastidão
O invisível veio envolver igual ao cosmo após o poente
Sutilmente mudaram, sumiram e somaram-se os cantos
Outros pipilos, outros deuses desconhecidos despertam da mente
As coisas já não jazem em saltos aos olhos, fez-se o encanto
Créditos na imagem: Reprodução: A madrugada traz melancolia aos beija-flores. O Eco, 2014.
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