Em 22 de agosto é lembrado o aniversário de falecimento de uma das maiores personalidades do nosso cinema e da nossa cultura. Aquele que mesmo que você não goste de filmes em preto e branco ou que não demonstrem alguma lógica em sua superfície, revolucionou nossa forma de pensar a arte. Estou falando de Glauber Rocha. Reconhecido por alguns pela sua excentricidade, por outros pela sua técnica, mas um consenso se cria em sua genialidade. Grande diretor e roteirista famoso por produções como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe”. Produções essas que brincam com nossa imaginação em suas inúmeras alegorias e principalmente atiçam nosso senso crítico, seja por condições sociais passadas ou pelas que ainda se repetem através do tempo.
O cinema utilizado como forma de protesto não é de hoje. No auge do movimento Cinema Novo, nos anos 60, Glauber já trazia em seus longas temáticas que diziam mais sobre a sociedade do que muitos poderiam imaginar. Um casal em busca de justiça e redenção encontra cangaceiros e personalidades religiosas que não são exatamente o que poderia se pensar olhando apenas o exterior. Esse roteiro em meio ao sertão brasileiro traz uma realidade que demonstra o íntimo do ser humano ultrapassando cenários e décadas. Ou vai me dizer que o lobo em pele de cordeiro não te lembra nada do que estamos vivendo hoje?
A importância da arte como ferramenta política permeia todas as suas categorias, não podendo ser diferente para o cinema. Talvez por esse motivo nosso cinema seja tão desvalorizado pelos agentes públicos? Ou o público conterrâneo não se sinta tão atraído? Em meio a todas essas questões uma certeza não se perde: o cinema transcende todas as épocas, idades, gêneros. Por isso se torna cada vez mais necessário dar valor ao que temos de melhor, diretoras e diretores em seus diversos projetos que expõem suas paixões, vidas e histórias para nos engrandecer da forma mais bela que se pode conceber. A arte move a vida. O impacto que essa frase cria vai além do que se pode imaginar e em momentos como o que vivemos ela se torna cada vez mais necessária.
Em 22 de agosto, mais do que lembrar aquele que revolucionou, no passado, nossa forma de viver a arte, devemos lembrar de sua herança, nosso cinema, e tudo mais que podemos construir para nosso presente e futuro a partir dele.
Algumas das produções mais importantes de Glauber Rocha:
- Barravento, 1962
- Deus e o Diabo na Terra do Sol, 1963
- Terra em Transe, 1967
- O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, 1969
- Di Cavalcanti (curta-documentário), 1977
- A idade da terra, 1980
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Vitória Aparecida de Assis
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Ótimo texto! E parabéns por trazer a memória a obra e o legado desse grande artista.