O tempo

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Em seu misterioso caminhar,
pouco lhe importa
quem à sua frente está.
Empurra-me sempre
para algum lugar.
Sabe exatamente
aonde não vai chegar.
Nunca chega,
nem nunca chegará!
Pela terra ou pelo ar,
até mesmo pelo mar,
lá vai ele a navegar
pelos mares do infinito.
Tento em vão lhe decifrar,
mas como a esfinge do Egito,
ele vem me devorar.
Devorar as minhas horas,
meus minutos e segundos.
Empurra-me a todo instante,
adiante, adiante,
não obstante eu querer parar,
tomar fôlego,
respirar um pouco.
Sigo em frente,
um tanto louco,
sem saber aonde
ele vai me levar.
Nunca nasceu,
nem nunca morrerá.
Existiu, existe e existirá.
É o vento que sopra as velas
da minha embarcação.
Seus ponteiros a marcar
as batidas do meu coração,
até quando não houver mais razão.
Que louca elucubração!
Pensar no tempo,
é piração!

 


 

Créditos da imagem: Saturno devorando a un hijo, Francisco de Goya

 

SOBRE O AUTOR

Tadeu Goes

Poeta, advogado, licenciado em História pela Universidade Estácio de Sá, com especialização em História Antiga e Medieval pela Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro. Autor do livro de poesia Nascente (2018) e integrante da Liga Universitária de Pesquisadores e Artistas de Carnaval da UFRJ (LUPA Carnaval).

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