Um negro Serrano

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Um dia

Um negro Serrano

Nobre imperador

Desfilou seu cortejo

Com as cores

De uma aquarela

Na avenida do meu

Coração

 

Foi num carnaval

Mas não foi

Uma doce ilusão

 

Seu divino império

Ratificou garbosamente

O amor em meu peito

E não teve jeito

Me tornei imperial

 

Súdito de um rei

De uma realeza

Pra lá de especial

 

De reza e devoção

De festa e carnaval

Um reino real

 

Pujante Serrinha

Do verde das matas

Das noites de jongo

Prazeres do samba

Do santo guerreiro

Um sagrado terreiro

 

Império Serrano

Democracia

De Oliveira Nascimento

Monteiro Avelar

Cardoso dos Santos

Antero Dias

Menezes e Silva Junior

Resistência

 

Toda minha

Reverência!

 

 

 


Créditos na imagem: Casal de mestre-sala e porta-bandeira do Império Serrano no carnaval de 1969 Foto: Agência O Globo.

 

 

 

SOBRE O AUTOR

Tadeu Goes

Poeta, advogado, licenciado em História pela Universidade Estácio de Sá, com especialização em História Antiga e Medieval pela Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro. Autor do livro de poesia Nascente (2018) e integrante da Liga Universitária de Pesquisadores e Artistas de Carnaval da UFRJ (LUPA Carnaval).

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