Te vi no saguão
eras tu azul urano
sem lua e banhado de crua luz
y-lustrando meu amor estranho
ocupei-me em gorar o caos
em esmiuçar o solo ancestro de meus sonhos
pois havia, pois, a via
pois as aves são como eu e vão
à procura de onde pousar o coração moído de arranhos
os galhos nos pegam
e passam pelas xipupe[1]
atravessando como orações
as folhas de meu destino
de onde vejo saturno, de onde vejo o mundo,
onde vejo um jardim, canções
e vejo você, matu[2] aranan
corado no canto
sob o sol de outono
e como filho do céu
dou a meu voo alçado
um lar, aonde nasce a sua voz…
NOTAS
1 Do kwaytikindo, língua Puri, “pena”
2 “bonito”
Créditos na imagem: Reprodução. Gustav Klimt. Buchenhain (1902)
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