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Aranan
Isaías Borja

Aranan 

 

Te vi no saguão

eras tu azul urano

sem lua e banhado de crua luz

y-lustrando meu amor estranho

ocupei-me em gorar o caos

em esmiuçar o solo ancestro de meus sonhos

pois havia, pois, a via

pois as aves são como eu e vão

à procura de onde pousar o coração moído de arranhos

os galhos nos pegam

e passam pelas xipupe[1]

atravessando como orações

as folhas de meu destino

de onde vejo saturno, de onde vejo o mundo,

onde vejo um jardim, canções

e vejo você, matu[2] aranan

corado no canto

sob o sol de outono

e como filho do céu

dou a meu voo alçado

um lar, aonde nasce a sua voz…

 

 

 


NOTAS

1 Do kwaytikindo, língua Puri, “pena”

2 “bonito”

 

 

 


Créditos na imagem: Reprodução. Gustav Klimt. Buchenhain (1902)

 

 

 

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