morreu a Melancolia
numa manhã de vento
no pós-tempo
vestida de razão
molhou as pernas na dureza da vida
atravessando o campo da visão
morreu a Melancolia
era bela, a ninfa culta pós-moderna
vivia nos arquivos
nas telas, nas canções
lia as letras e se embebedava
tornando o dia uma intragável noite
sem futuro, sem rumo
passada, cansava de si
e se lançava aos demais como impressão plena
no altivo acúmulo sepulcrumênon de erudição
perdido estava o poeta
que engoliu a Melancolia e transmutou-se em gente
viu a grandeza da terra, dos céus, dos mares
e pôs-se a andar
na certeza de que o mundo é como folha d’água
e, emputecido, suspendeu a.Contação do tempo
cuspiu a Melancolia e foi viver, como os antigos, a Vida…
Crédito na imagem: Reprodução. Vincent van Gogh. Sower with Setting Sun (1888).
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